Horizonte perdido
(Lost Horizon)
Direção:
Charles Jarrott
Produção:
Columbia Pictures
Ano:
1973
Duração:
150 minutos
Filmow |
IMDb
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Essa adaptação foi uma das mais loucas que assisti e nem sei bem como começar a comentar sobre ela. Horizonte perdido ganhou uma versão para o cinema em 1937 assinada por Frank Capra e em 1973 o diretor Charles Jarrott também gravou sua perspectiva da história. As diferenças entre livro e filme são consideráveis, por isso desde o início encarei a obra como levemente inspirada, ou com elementos da história original, e não exatamente como uma adaptação fiel. Pelo contrário, esse foi um dos casos que as liberdades criativas do diretor alteraram, em parte, o contexto de Shangri-La.
O filme começa com a fuga de uma região invadida e a viagem de avião. Durante uma tempestade o veículo sofre uma queda e o piloto morre. Os cinco ocupantes (no livro são quatro) são resgatados por um monge e aldeões numa região que parece improvável haver vida. Depois de horas de caminhada e uma escalada perigosa os protagonistas chegam ao paraíso chamado Shangri-La.
A primeira diferença significativa é o número de personagens. As profissões e todo contexto também foi modernizado para a época em que o filme foi gravado. Enquanto na história original a aventura acontece nos anos 1930, na versão de Charles Jarrott a expedição, o figurino, a tecnologia e todas as referências acompanham a década de 1970. Visto que é um remake da versão de Frank Capra de 1937 faz sentido que o diretor tenha atualizado a história. Atualmente é possível encontrar diversos casos assim no cinema, mas não posso mentir que a primeira impressão foi negativa.
Os dilemas principais do livro permanecem no filme, mesmo que expostos de maneira diferente. Um dos sobreviventes é o provocativo e responsável por instigar a saída deles do refúgio, enquanto Conway segue o personagem racional do livro e o que tenta mediar todos os conflitos. Enquanto no livro duas mulheres são presentes na história, no filme são três, e apesar de ter funcionado na ideia geral da trama, elas constantemente são exibidas em momentos de fragilidade ou como se precisassem de proteção, um grande revés da adaptação.
A diferença significativa do filme, que é um musical e eu só li sobre isso depois, é a representação de Shangri-La. Enquanto no livro toda a atmosfera do templo e da aldeia é introspectiva, até certo ponto reservada, pelo menos essa foi minha impressão, na versão para o cinema tudo é vibrante, com pessoas e monges por todos os lados, crianças e moradores de todas as partes do mundo e que chegaram ao templo em momentos diferentes da história (de Shangri-la, que é contada para Conway e o leitor pelo monge mais antigo do lugar).
Horizonte perdido foi uma daquelas experiências peculiares que por um bom tempo eu vou pensar sobre e mesmo que não tenha gostado de todas as adaptações de Charles Jarrott foi um filme marcante, sem dúvida. Minha nota para produção foi de 3,5 no Filmow. Recomendo filme (e o livro) para quem gosta de reflexões sociais, aventura, dilema existencial e o para quem gosta de debater sobre utopia e se ela seria possível (ou viável). Vocês conhecem Horizonte perdido?
Beijos!
Fotos: Divulgação