A lista de hoje é para exaltar de pé uma série que virou favorita quando eu nem tinha intenção em parar para assistir: O conto da aia (The Handmaid's Tale, no original). Eu ainda não li o livro de Margaret Atwood que deu origem a essa adaptação, mas sem dúvida vou incluir na minha lista de desejos porque a história me prendeu do início ao fim e foi impossível esquecer até concluir toda a temporada de estreia.
Lançada originalmente na plataforma Hulu , a primeira temporada de O conto da aia tem 10 episódios. Exibida no Brasil com exclusividade pelo Paramount – a série entrou na minha vida em um dia aleatório, talvez há dois ou três meses, quando trocando de canal me deparei com a adaptação na televisão. Em pouco mais de 10 minutos eu estava vidrada e querendo mais da história. Por isso, e já que o Paramount anunciou a segunda temporada para 2 de setembro, aí vão três motivos para incluir a série na lista de opção para o final de semana (e a vida).
1. CONTEXTO SOCIAL E POLÍTICO
A primeira impressão é estranheza. A sociedade apresentada na história pautada por uma religião severa e a falta de direito das mulheres, dominação dos homens e falta de individualidade para aquelas que ainda podem ter bebês parece distante do que vivemos agora, um tempo marcado pela luta feminista. No entanto, conforme a série avança e os episódios revelam a trama, é assustador como algumas ideias se aproximam demais do dia a dia de qualquer pessoa, como a estrutura social dominante favorece poucos e como muitos dos personagens estão condicionados a viver uma vida de aceitação e até agradecimento, mesmo que seja pelo mínimo. Através de flashbacks a história dos personagens é contada entre passado e presente que mostram a diferença de vida e como cada um se adaptou a nova política. Esse é o ponto principal da adaptação e para quem gosta de discussões sociais e histórias distópicas é motivo suficiente. E tem mais.
2. OFFRED
Fazer uma lista de recomendação de O conto da aia e não exaltar a protagonista Offred, ou melhor, June – seria uma injustiça. A personagem, e gancho para a incrível Elisabeth Moss que a vive na adaptação, é muito do que faz com que o telespectador continue na história. Não apenas porque é forte, mas também é curiosa, atenta, espera, perspicaz e até ousada. Procura o máximo de informações, entender o maior número de pessoas e interpretar como, e se, pode sair da situação de escrava sexual de alguma maneira. A cor, os ângulos, a fotografia, as expressões faciais são essenciais para a interpretação da série, a história funciona como um todo, um ponto extra para a produção.
3. AIAS/ MULHERES
Offred/ June é a protagonista e figura que conduz o telespectador por esse novo mundo, mas todas as aias, tias e mulheres são importantes para contar a história. Pelas perspectivas distintas, pelos sentimentos contraditórios de cada uma, como parte de organizações e símbolos que embora sejam acima das aias, não são livres. Aliás, a própria existência das aias é um assunto que valeria a recomendação da série, porque embora mascaradas de salvadoras do mundo, já que têm a chance de gerar bebês, não tem qualquer outro direito ou oportunidade além daquele de ficar disponível para seu dono. Em tantos níveis esse debate é importante, de novo em tempos de luta feminista, legalização do aborto, feminicídio e abusos de todas as maneiras, as mulheres de agora, mesmo que de outra maneira, vivem em prisões como as aias da série.
O conto da aia foi outra daquelas séries que assisti sem planejar e até sem intenção, mas que foi fundamental para pesar questões importantes, em ano de eleição, em ano de sociedade brasileira e mundial complicada e de ânimos exaltados. Em 1985 quando Margaret Atwood lançou o livro a história causou impacto e tempo depois continua conversando de forma atual e assustadora com uma sociedade, a nossa sociedade, que precisa muito para evoluir. Já assistiu O conto da aia?
Beijos!
Fotos: IMDb