A abadia de Northanger
Autora: Jane Austen
Editora: BestBolso
Edição: 2011
Páginas: 256
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Persuasão
Catherine Morland visita pela primeira vez o balneário de Bath, na Inglaterra, local também frequentado por Jane Austen e sua família. Na cidade, Catherine se aproxima de dois jovens bastante diferentes, John Thorpe e Henry Tillney, que se interessam pela jovem. O pai de Henry, general Tillney, a convida para visitar uma de suas propriedades, a abadia de Northanger. Catherine, que aprecia romances góticos, fica fascinada com a perspectiva de conhecer um ambiente antigo, fantástico e sombrio.
A abadia de Northanger foi a minha quinta leitura de Jane Austen, uma das minhas autoras favoritas, e parte de uma espécie de projeto de leitura onde meu objetivo é ler tudo que a inglesa escreveu e o leitor tem acesso. Comentários anteriores me fizeram começar a história sem expectativa e foi bom, porque no final das contas eu gostei do livro justamente porque não esperava nada dele.
O enredo conta a história de Catherine Morland, jovem que vive no interior e recebe um convite do casal de vizinhos para passar uma temporada no balneário de Bath. A partir da chegava na nova cidade a protagonista vai descobrir uma série de situações sociais que não está acostumada e terá que lidar com cada uma delas, amadurecer e perceber como as pessoas se comportam de formas diferentes de acordo com a postura que mais convém.
A narrativa é o primeiro ponto que eu quero destacar dessa experiência de leitura porque apesar de não ter contato com os romances góticos, a forma como Jane Austen conversa com o leitor, alertando sobre certas situações que a personagem precisa viver, e sempre adicionando pitadas de sarcasmo, humor e ironia, principalmente a partir da inserção de Catherine no ambiente, fez com que eu me envolvesse com o livro do início ao fim.
A personagem principal, por outro lado, não me envolveu nada nos primeiros capítulos. Achei Catherine tola, ingênua e até boba em muitos momentos, mas depois de certa familiaridade com a jovem entendi o confronto que Jane Austen quis criar ao levar a moça para uma experiência tão diferente e igualmente reveladora. Catherine tem vontade de agradar e procura evitar situações incomodas, mas muitas vezes abre mão de dizer o que sente e o que realmente quer fazer.
As vantagens da tolice natural de uma moça bonita já foram descritas pela excelente pena de uma outra autora-irmã – ao tratamento dela do assunto, eu apenas acrescentarei , para fazer justiça aos homens, que, embora para uma maior e mais leviana parte desse sexo, a imbecilidade nas mulheres aumente muito seu charme, existem alguns deles que são mais razoáveis e desejam que elas sejam apenas ignorantes, não estúpidas.
página 112
Jane Austen apresenta o triângulo amoroso logo na chegada de Catherine a Bath e o interesse romântico do livro também serve para mostrar uma característica do local: de um lado está John Thorpe, aparentemente o pretendente perfeito, educado e de boa família; em contraste a ele é apresentado Henry Tilney, misterioso, filho de oficial, e que não faz questão de se promover. Ao mesmo tempo que a protagonista entende como as pessoas se comportam ela também descobre o que há por trás da aparência de cada um dos rapazes.
Outros pontos positivos da experiência de leitura são o amadurecimento de Catherine, que de ingênua evoluiu para uma moça de presença notada. Os relacionamentos superficiais ou interesseiros também fazem parte da crítica social de Jane Austen no livro. Os contrastes dos mudos rurais e urbanos também é presente, como em outras histórias da autora que já li. Romance e amizade servem para a ponte de crescimento da personagem principal, assim como mostra que as relações sociais as vezes não são duradouras.
Os pontos negativos do livro na minha opinião são a falta de personagens admiráveis ou inspiradores, e isso não é surpresa visto que o livro retrata um recorte bem específico da vida de pessoas ricas e de um grupo social definido. A parte da abadia também foi decepcionante porque passou muito rápido e esperei algo mais sombrio e muito mais desenvolvido do que foi.
O desfecho da personagem também passa num piscar de olhos. Apesar da antipatia inicial, depois de me envolver com a história eu realmente torci por uma boa aventura para Catherine, assim como um romance legal. Aos 17 anos e imersa na sociedade pela primeira vez é de esperar que a protagonista tenha interesse em namorar. O contraste familiar é um empecilho social, e a moça vive algumas situações embaraçosas, portanto eu queria um desfecho mais tranquilo e envolvente para Catherine.
Minha nota para A abadia de Northanger foi de três estrelas no Skoob, apesar de pensar em aumentar meio ou um ponto, porque pensando sobre o livro depois, enquanto escrevia as anotações para o vídeo e para resenha, gostei de mais aspectos do que com a leitura recém concluída, e isso faz parte da vida de leitor, ter impressões diferentes em momentos distintos.
O livro foi uma experiência legal, principalmente para conhecer tudo que Jane Austen escreveu, mas no geral A abadia de Northanger não substituiu os favoritos da autora e nem se destacou com personagens marcantes. É um livro jovem que retrata uma transição muito familiar a todos, a adolescência para juventude, e por esse motivo e pela evolução de Catherine vale a leitura. Vocês gostam de livros de época?
Vídeo de opinião publicado no canal do Estante da Nine
Beijos!
Fotos: Nine Stecanella
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