Estação jugular
Autor:
Allan Pitz
Editora:
Desfecho Romances [Multifoco]
Edição:
2011
Páginas:
98
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SKOOB |
Delirante, frenético e alucinante é o ritmo que Pitz imprime a essa saga do absurdo (mas que tem forte conotação de realidade, pois, apesar de sugerir uma alegoria, é plenamente observável para além da ficção), envolvendo o leitor na claustrofóbica experiência do personagem-narrador, que foge não se sabe de onde e não se sabe para onde vai. Um ônibus que surge inesperado, conduzido por um motorista improvável, rumo a uma estrada desértica, des filando por paisagens vivíssimas e surreais nos faz confrontar com o absurdo contido na própria história da humanidade. Ao embarcar junto com o protagonista e narrador Franz, um técnico de informática em sua aparente fuga do cáustico sol que castiga, o leitor é incitado a uma viagem desconfortável, mas altamente reveladora.
Estação Jugular foi uma experiência diferente. Allan Pitz coloca o leitor na pele do personagem-narrador acompanhando os pensamentos, emoções e sensações pelos olhos de Franz, um cara simples que foge de alguma coisa que não descobrimos e entra em um ônibus rumo ao desconhecido.
A viagem, o ônibus e o motorista, muito paciente da história de Allan Pitz, são alegorias para apresentar um contexto onde vivemos a mesma experiência que Franz ao longo das páginas. Com texto bem estruturado e escrita envolvente, o autor possibilita que todo leitor também seja o personagem principal de Estação jugular.
O ritmo da leitura é intenso e embora o livro seja curto, 95 páginas, Franz - através de sua viagem de ônibus, encontra as cenas mais bizarras possíveis. Isso faz com que o personagem pense em desistir da jornada no ônibus misterioso por muitos momentos. Allan Pitz debate com o leitor até que ponto temos medo do desconhecido e ao mesmo tempo, fascínio. E onde as decisões de Franz (e as nossas) podem levar.
O final é inesperado e surpreendente. É possível entender cada ponto apresentado durante o livro que por determinados momentos pareciam sem explicação. Acredito que Allan Pitz tenha criado uma história tão incomum para fazer com o que o leitor incorpore as experiências de Franz conforme suas experiências pessoais. Desta forma, para cada um que ler Estação jugular a mensagem será diferente e pessoal.
A capa representa muito bem o caminho pela qual o ônibus segue e o contexto da história. A edição tem boa diagramação e folhas amarelas. Não encontrei problemas de revisão ou concordância. Indico o livro para todos os leitores.
Beijos!
*Livro recebido do autor Allan Pitz