20 de setembro de 2016

O colecionador de John Fowles





O colecionador
Autor: John Fowles
Editora: Abril Cultura
Edição: 1980
Páginas: 264
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O Colecionador é o primeiro livro de John Fowles, escrito em 1963. O romance narra a história de Frederick Clegg, um funcionário público que coleciona borboletas e, subitamente, se torna dono de uma fortuna. Ele então passa a ter uma ambição: seqüestrar a bela Miranda, seu amor platônico. A trama se desenvolve com a disformidade da personalidade de Clegg, que tem a seu favor apenas a superioridade de força, contra a vitalidade e inteligência de Miranda que, contando com sua superioridade de caráter, confunde e ofusca o medíocre sequestrador.

Mais uma leitura incrível em 2016? Temos sim! Hoje é dia de conversamos sobre O colecionador, livro de John Fowles publicado em 1963. Infelizmente não existe uma edição recente da obra e comprei a minha cópia por R$3 no sebo Do Arco da Velha na Feira do Livro do ano passado. Além da história incrível, é um dos grandes achados da minha estante.



Na história acompanhamos a vida de um homem comum com uma rotina de trabalho e casa, que após ganhar uma bolada na loteria esportiva resolve por um prática um plano que há tempos consome sua cabeça: sequestrar a jovem Miranda, moça que conheceu através da janela de seu antigo trabalho, onde também desenvolveu uma certa admiração (para não dizer obsessão) pela moça. 




Tudo pronto, o protagonista executa seu plano na esperança de provar para Miranda que merece sua atenção. Uma das justificativas para atitude tão radical é a diferença de classes, mas claramente o personagem tem dois momentos distintos perceptíveis sobre sua personalidade e é exatamente esse o primeiro ponto positivo do livro: a gente não sabe o que esperar desse homem, que parece digno, mas que não vê as coisas com um olhar real. Miranda também não sabe o que esperar.

A segunda característica marcante da leitura de O colecionador é a postura de Miranda. Pela visão do protagonista sobre ela imaginei que a garota seria uma vítima indefesa e passiva e não poderia estar mais enganada (ainda bem). Miranda demonstra desde o começo sua revolta sobre a situação e expressa que nada no mundo será capaz de fazer com que ela se afeiçoe ao sequestrador. Ele, por outro lado, acredita que pode mudar a opinião da jovem. Os embates mais bacanas do livro surgem de pequenas crises de ambos os personagens.

A narrativa dividida entre os dois protagonistas também é fundamental para dar ao livro um toque especial. Na primeira parte temos a visão do sequestrador narrada em primeira pessoa. A segunda relata as memórias de Miranda nos diários que manteve durante o cativeiro. O desfecho me deixou dividida e a narrativa volta, no final, para a visão do protagonista. É possível fazer em vários momentos conexões de cenas entre a primeira e a segunda parte, tendo assim a reação de cada personagem a situação.




Os embates sociais transformam O colecionador em muito mais que um livro sobre sequestro e cativeiro. Aliás, é através deles que muitas discussão importantes ganham espaço na trama. Não apenas sobre dinheiro, mas sobre educação, cultura e sociedade. Mesmo com a narrativa inconfiável do sequestrador percebemos que muitos pontos abordados por ele são reais. O mesmo para argumentos de Miranda.

Ao final da leitura me peguei pensando em muitas situações que, guardadas as proporções, são retratas no livro e fáceis de ver no dia a dia. Não é preciso um sequestro para identificar um relacionamento abusivo ou uma fobia social. E aquele ditado popular que diz: “De gênio e louco todo mundo têm um pouco”, combina perfeita com a ideia de John Fowles. Leitura mais do que recomendada (e também tem vídeo sobre o livro, onde eu falo praticamente tudo isso que escrevi, hehehe). 

Vídeo de opinião publicado no canal do Estante da Nine

Beijos!

Fotos: Nine Stecanella
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