27 de setembro de 2018

Horizonte perdido de James Hilton



Horizonte perdido
Autor: James Hilton
Tradutores: Francisco Machado Vila e Leonel Vallandro
Editora: Abril Cultural
Edição: 1980
Páginas: 248
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Fugindo da guerra, um grupo de homens e mulheres é seqüestrado para Shangri-la, aldeia encantada localizada numa longíqua montanha do Tibete. Surge um mundo soberbo, paradisíaco, onde a dor, a velhice e a morte assumem novos significados. Uma civilização mística onde a vida caminha livre e tranqüila em busca de um ideal de paz e sabedoria.

A história de Horizonte perdido começa com o sequestro de quatro pessoas e após uma longa viagem de avião, e uma queda que é pouso no meio da floresta, os personagens são resgatados por um monge e aldeões de uma comunidade muito peculiar chamada Shangri-La. James Hilton escreve um enredo envolvente e que questiona diversas situações da vida e da sociedade.



O prólogo dá uma ideia do tom espetacular da história e que acreditar ou não é questão de ponto de vista. O primeiro terço do livro é a apresentação dos quatro personagens e de Shangri-La, que num primeiro momento parece uma sociedade asiática, mas que no decorrer dos dias apresenta imensa influência do mundo ocidental.

- Talvez a exaustão das paixões seja o começo da sabedoria, se me permite alterar a máxima.
- Essa, meu filho, é também a doutrina de Shangri-lá.
página 191

Hugh Conway é o personagem de primeiro plano do livro. Jovem cônsul britânico, experiente e admirado pelos demais personagens, ele retrata o adulto que depois de ver um pouco de tudo cedo demais ficou realista, pessimista ou até apático. E ao mesmo tempo extremamente racional. Muito da minha simpatia pelo livro foi pelo personagem, por suas contradições pessoais, e também por sua perspicácia. Não vou mentir que a narrativa do autor pareceu tendenciosa justamente para influenciar o leitor, vai saber né?!



Desvendar Shangri-La junto com os personagens é um dos pontos altos do livro na minha opinião por mostra claramente que tudo tem dois lados. Por trás de um lugar utópico e cheio de riquezas existe uma sociedade conformada, apática e feliz. Também não existe muita escolha entre entrar e sair do paraíso. O debate social do livro é excepcional, especialmente pelo momento conturbado em que vivemos.

Era necessário respirar conscienciosamente, refletidamente; e isto, que a princípio parecida atrapalhador, ao fim de certo tempo produzia uma tranquilidade de espírito quase estática.
página 70

O debate sobre cultura ocidental e oriental aparece em diversos momentos do livro, por vezes de forma mais explícita ou nem tanto, e faz parte do cotidiano e das conversas ao longo do período em Shangri-La. Escrito em 1933 e publicado um tempo depois, Horizonte perdido certamente reflete embates filosóficos e sociais da época que continuam pertinentes até hoje, como a ânsia do povo europeu por conquista e em contra partida a visão de que os povos asiáticos são moderados.

O final de me deixou dividida. Eu não gostei do desfecho escolhido por James Hilton assim que terminei o livro. Depois, pensando melhor sobre toda a história cheguei a conclusão de que tudo fazia sentido, mas mesmo assim ainda restou algum incomodo, algum ponto do final que não me agradou. Talvez a indução por um caminho, talvez a postura do personagem e o tom de acredite se quiser, que é também um ponto positivo. Confusa essa leitora, não?!











Horizonte perdido foi uma história inesperada e interessante. Adorei pensar sobre questões do dia a dia que são tão importantes e passam despercebidas e quando expostas em casos extremos são mais significativas e notadas. Gostei da diversidade dos personagens e os porquês de cada um, assim como todo mistério em torno da história, e a aura de algo sobrenatural (ou espiritual).

- O brilhantes tem numerosas facetas – acrescentou – e é possível que muitas religiões sejam moderadamente verdadeiras.
página 12

Minha nota para a história de James Hilton foi de quatro estrelas no Skoob, um livro ótimo para quem gosta de aventura e mistério, assim como debates e reflexões sobre sociedade, política, religião e utopia. Horizonte perdido faz pensar sobre o que temos e o tipo de mundo que queremos viver, questão essencial para acordar todos os dias. Vocês conhecem o livro?

Beijos!

Fotos: Nine Stecanella

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