Laranja mecânica
(A Clockwork Orange)
Direção: Stanley Kubrik
Produção: Warner Bros
Ano: 1971
Duração: 136 minutos
Filmow | IMDb
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Laranja mecânica de Anthony Burgess
Assistir Laranja mecânica depois de ler o livro foi uma experiência nova. Há alguns anos, quando comprei o DVD, eu e o Rodrigo vimos o filme e naquela época a versão de Stanley Kubrick causou um impacto. Hoje, depois de ler a obra original de Anthony Burgess, a narrativa para o cinema me trouxe novas sensações. Em ambos casos as reflexões são pertinentes e perturbadoras.
A premissa de Laranja mecânica (link para a experiência de leitura acima), e os acontecimentos principais são mantidos no filme, mas uma das primeiras coisas que me chamou atenção quando revi, depois de ler a história de Anthony Burgess, é que o visual das casas e dos próprios personagens é mais extravagante do que imaginei na versão literária. Meu mundo de Laranja mecânica foi predominante mente cinza e foi interessante perceber que não, apesar dos padrões sociais tudo parece rico e aconchegante como um lar deve ser.
Se o visual me chocou, Alex e seus drugues foram exatamente como imaginei, e talvez isso seja influência da primeira vez que vi o filme, bem antes de conhecer o livro. A ultra violência e a diversão da gangue do protagonista são muito parecidas com cenas de todos os dias nos noticiários e como comentei no texto sobre o livro, vou ressaltar aqui também: Anthony Burgess e Stanley Kubrick, cada um a sua maneira, acertaram e muito no contexto social e político da obra e como a previsão de um futuro sombrio era (é) certa.
A parte da prisão não ganha tanto espaço no filme, embora seja significativa para o contexto da história, e Stanley Kubrick explora principalmente o experimento psicológico para causar incomodo. Sem dúvida o recurso visual acrescenta um drama extra a cura de Alex e na adaptação esse momento é o mais próximo da empatia pelo personagem que podemos chegar.
Eu conclui a leitura de Laranja mecânica há alguns meses e por isso não vou comparar detalhes entre livro e filme porque não tenho certeza de todos, mas uma diferença que me chamou atenção, e pode ser que eu tenha esquecido sobre a leitura, é que o Alex de Stanley Kubrick é muito mais oportunista que o protagonista de Anthony Burgess após o experimento.
No geral, eu vi um Alex no livro confuso e perdido, usado como objeto político pró e contra certas ideologias, e incerto sobre o futuro, enquanto no filme o personagem, que nunca abandonou os pensamentos violentos, é oportunista e irritante ao ponto de incomodar mais que no começo da história e deliberadamente. Agora como um exemplo de tortura e reforçando que somos o que somos.
O final do filme me deixou contrariada, apesar de lembrar o desfecho do livro. No geral, eu gostei muito de Laranja mecânica, a adaptação e a história original, com suas diferenças e também com seus pontos em comuns. Acredito que filme e livro funcionam como bons completos um do outro e vale conhecer as duas versões. Vocês já assistiram (ou leram) Laranja mecânica?
Beijos!
Fotos: Divulgação
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