29 de março de 2017

3 motivos para ler Mãe de José de Alencar

O segundo post da série ou coluna "3 motivos para" está no ar e desta vez pensei muito se valia publicar agora em março ou em um especial no Dia das Mães em maio. Depois de alguma incerteza resolvi escrever por esses dias, principalmente porque Mãe de José de Alencar é uma das minhas leituras favoritas deste mês e gostaria de deixar registrado no Estante da Nine a indicação. Além disso, o livro está em domínio público, desse jeito não tem desculpa para não ler, certo?

Mãe é uma peça escrita por José de Alencar em 1859 e dedica a sua mãe claro, e a todas as mãe do Brasil (inclusive o autor comenta sobre isso na introdução). Essa foi a primeira vez que li um livro neste formato de peça de um autor clássico brasileiro, pelo que lembro, e adorei. Antes de compartilhar com vocês os três motivos para ler Mãe, acho interessante citar que o contexto da história ainda pertence ao período escravocrata no Brasil, e com isso, além de homenagear as mães, José de Alencar inclui algumas discussões importantes sobre o tema.

O livro começa com dois assuntos distintos: o primeiro deles é a ruína de um pai e uma filha, que após a enfermidade e falecimento da mãe, estão falidos e a beira do despejo. Vizinhos do protagonista Jorge, estudante de medicina que tenta descobrir sua origem e o passado da mãe, Elisa - a moça que faz de tudo para proteger o pai, não vê outra saída e resolve pedir ajuda financeira ao vizinho, que também é seu interesse romântico. Outro ponto em comum entre eles é Joana, escrava de Jorge, embora não tratada assim por ele, que ajuda Elisa nas tarefas, bem como apoia o casamento entre eles. O ponto de partida da peça é esse e já dá para ter uma ideia do tom dramático, né?

1. Mães são complexas

O grande mistério do livro é sobre a origem de Jorge e quem afinal é sua mãe. O protagonista foi criado desde sempre por Joana, que vê como uma mãe, e um amigo do pai que os ajudou depois do falecimento deste. Apesar de algumas especulações, Jorge não compreende o porquê de tanto mistério, afinal tantos anos se passaram e as únicas duas pessoas que poderiam esclarecer esse segredo não falam sobre o tema. Para o leitor fica evidente a partir de determinado trecho do livro quem é a mãe de Jorge e porque ela não se revela. Mesmo assim, é doloroso ver o que uma mãe é capaz de passar para não "sujar" a imagem do filho.


2. Segredos familiares são nocivos

Jorge e Elisa estão envolvidos em segredos familiares e quando as histórias se cruzam essa situação se agrava. Ou melhor, os protagonista tentam descobrir a complexidade de cada situação, Jorge sobre sua origem; Elisa sobre a ruína e endividamento do pai, mas em ambos casos são protegidos dos detalhes e quando eles finalmente são revelados a situação é desastrosa. Eu interpretei a crítica de José de Alencar da seguinte maneira: falar a verdade pode ser desastroso, mas certamente é menos nocivo do que omitir ou mentir.

 

3. Finais podem ser trágicos e felizes

Bom, eu acho que vocês já perceberam que essa é uma história dominada pelo drama, né?! E é exatamente isso que me fez gostar tanto de Mãe. Histórias familiares são complicadas e tristes, mas igualmente felizes e inspiradoras. O final da peça é 50/ 50. Os segredos são enfim revelados para Jorge e a dívida do pai de Elisa é paga, mas tudo isso também culmina com a desgraça de um personagem, o mais importante de todos, a moral da história. Mães fazem coisas impensáveis. Para o bem e para mau.

Mãe de José de Alencar foi uma ótima surpresa em março, principalmente porque no passado li alguns livros do autor e não gostei, tanto que ele demorou para aparecer por aqui e sim, esse post faz parte do projeto de clássicos brasileiros e de língua portuguesa. Espero que tenham gostado da indicação de hoje e espero as recomendações de vocês de leituras do José de Alencar.

Beijos!
Foto: Nine Stecanella
Imagens: Divulgação

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