Madame Bovary
Autor: Gustave Flaubert
Editora: LePM Pocket
Edição: 2014
Páginas: 334
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Emma é uma mulher sonhadora, uma pequeno-burguesa criada no campo que aprendeu a ver a vida através da literatura sentimental. Bonita e requintada para os padrões provincianos, casa-se com Charles Bovary, um médico interiorano tão apaixonado pela esposa quanto entediante. Nem mesmo o nascimento de uma filha dá alegria ao indissolúvel casamento no qual a protagonista sente-se presa. Como Dom Quixote, que leu romances de cavalaria demais e pôs-se a guerrear com moinhos, ela tenta dar vida e paixão à sua existência, escolha que levará a uma sucessão de erros e a uma descida ao inferno.
Madame Bovary foi uma leitura cheia de altos e baixos. Mesmo assim, eu gostei e muito do livro de Gustave Flaubert. Verdade que não simpatizei com Emma, mesmo depois de uma pesquisa sobre a relevância histórica da obra, mas isso não atrapalhou os demais temas importantes do livro. Publiquei o vídeo com minha opinião há alguns dias no canal, e hoje vou escrever aqui um pouco de como foi essa experiência de leitura.
Um dos pontos altos de Madame Bovary é a comunidade e o contexto histórico que o enredo está ambientado. É muito pelos costumes de cada família, e como elas funcionam coletivamente, que o ritmo da narrativa avança e o leitor acompanha a vida de Emma e Charles principalmente depois do casamento. Juntos, com personalidades tão diferentes, os dos protagonistas vão descobrir da maneira mais dolorosa possível o que é a infelicidade no casamento.
E por falar em infelicidade no casamento, esse é também um dos temas principais do livro. Emma, principalmente por sua personalidade e por sempre ter desejado uma vida de aventuras e experiências culturais, não se conforma com o casamento com um homem tão pacato. Charles não é mau, mas é um homem desinteressante que aos olhos de Emma não oferece emoção. Apesar disso, ao longo de todo livro, Charles se mostra fiel e tenta atender a todos os desejos da mulher, mas isso não é o suficiente.
Gustave Flaubert apresenta vários debates éticos no decorrer do enredo, não apenas sobre casamento e infidelidade, mas também sobre religião, ateísmo, ciência, medicina, cultura, música e tantos outros. Apesar da comunidade pequena e até bucólica, o autor constrói personagens caricatos e clichês e outros que destoam completamento do ambiente. Emma, com seus modos sofisticados, parece não fazer parte da comunidade mais simples em que vive.
O uso da medicina e da farmácia é um dos meus pontos favoritos da história, principalmente porque tive que me situar no contexto da época. Os medicamentos e os próprios médicos são tão acessíveis agora que algumas situações do livro, como experimentos e operações, são marcantes e logo o leitor tem noção de quão errado tudo pode dar. A época retratada no livro é muito mais experimental, com profissionais defendendo os novos experimentos para evolução, enquanto outro grupo é contra e prefere aplicar métodos tradicionais.
Meu grande dilema com Madame Bovary foi mesmo Emma. Eu não tive empatia pela personagens, mas em muitos momentos entendi seu dilema. A protagonista sonhou com uma vida tão diferente que é impossível não perceber como a frustração aumentou dia a dia e como ela tentou de muitas formas compensar a infelicidade. Até nesses momentos Emma percebe que muitas expectativas que criou, quando vistas na realidade são uma decepção também.
Para encerrar, e ainda sobre Emma, um dos meus momentos preferidos do livro em relação a personagem é quando ela engravida. A protagonista faz muitas reflexões pertinentes sobre o papel da mulher na sociedade, tanto pela perspectiva do todo, do coletivo, como na visão da própria mulher sobre si. Emma deseja que seu bebê seja um homem para poder desfrutar livremente do mundo e isso é triste ao mesmo tempo que extremamente atual, dois séculos depois.
Madame Bovary foi uma ótima leitura mesmo com a falta de empatia por Emma. Também foi um livro que me despertou muita curiosidade me instigou a pesquisar porque ele é tão estudado e citado por outros autores. Sem dúvida, Gustave Flaubert mostra uma mulher muito a frente do seu tempo, se relacionando com outros homens em busca de aventuras e esse é um tema muito interessante para se debater, assim como tantos outros que ele apresenta no livro. Vocês já leram Madame Boavry?
Vídeo de opinião publicado no canal do Estante da Nine
Beijos!
Foto: Nine Stecanella
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