Mundo perdido
Autora: Valerie Nieman Colander
Editora: Nova Cultural
Edição: 1990
Páginas: 192
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Numa data qualquer do futuro. Onde antes floresciam os EUA, a jovem Neema e sua tia vivem em uma fazenda. Elas lutam para manter uma existência marginal nas cinzas da civilização destroçada pela guerra. De repente, o tio desaparecido de Neema retorna do norte, reavivando trágicas memórias e acendendo paixões. Neema é forçada a se decidir entre dois homens. Um, belo e impulsivo, lhe ensina sobre ódio e desejo. O outro, transformado num ser horripilante pelas armas químicas, carrega dentro de si os delicados segredos do coração humano...
Comprar livros no sebo é uma experiência ótima especialmente quando as histórias são boas leituras. E Mundo perdido de Valerie Nieman Colander é um caso recente de garimpo bem sucedido. Verdade que quando eu vi um selo de ficção científica na capa o livro ganhou minha simpatia, que foi confirmada durante a experiência de leitura. O texto de hoje é para falar sobre isso. Partiu!
Valerie Nieman Colander desenvolve um mundo no futuro destruído por armas meta químicas. As grandes cidades ruíram, muitos foram dizimados ou adoeceram após o ataque e os poucos sobreviventes vivem em regiões remotas, no interior ou nas montanhas, cenário do livro. A personagem principal é a jovem Neena, que mora com a tia e há anos não tem notícia da mãe. O livro começa num dia de rotina na vida das duas mulheres colhendo ervas, folhas, cascas e raízes na floresta para produzir remédios, temperos, chás e outras necessidades, produtos que trocam por outros itens de que precisam. Esse é o ponto de partida da história.
Mundo perdido me envolveu desde os primeiros capítulos porque sem explicações cansativas a autora insere o leitor na vida e no contexto de Neena e sua tia. A rotina de vida pré tecnologia é predominante, apesar de existirem restos de carros utilizados como carroças, como tantas outras adaptações. As notícias de outros territórios e cidades é escassa e chegam através de conversas, o que sempre deixa dúvidas sobre a veracidade. Para resumir: o enredo me ganhou rapidinho.
O primeiro choque na vida das personagens é a chegada do tio de Neena a cabana onde tia e sobrinha vivem. Esse também foi meu trecho problemático com o livro porque Valerie Nieman Colander desenvolve um certo relacionamento entre Neena e o tio que sinceramente me deixou incomodada. Apesar da experiência ter um propósito na vida da protagonista eu não gostei.
Outra mudança acontece quando um acidente deixa a tia de Neena machucada e a protagonista precisa partir em busca de ajuda com um comerciante, um homem modificado pelas armas meta químicas e que é visto com receio por todos os vizinhos da região. Apesar da situação improvável e do comportamento estranho do tio, Neena toma uma decisão que começa um novo capítulo em sua vida. Sim, tem romance e um pouco de sexo também, mas nada que seja demais. Não dá para esquecer que a protagonista é muito jovem em comparação aos outros personagens e será que num mundo apocalíptico certos comportamentos seriam aceitos?! Esse é um dos tantos debates do livro.
Como não poderia deixar de ser, Valerie Nieman Colander cria grupos extremos religiosos, saqueadores, viajantes e negociantes. O contexto é muito verossímil, inclusive quando mais informações políticas e geográficas são dadas ao leitor no decorrer do enredo. Faltou, claro, a visão da situação de uma grande cidade, mas levando em consideração o foco e tamanho do livro faz sentido não haver viagem da personagem a outro território.
Entre muitos temas sociais pertinentes Mundo perdido mostra que mesmo nas situações improváveis é possível sobreviver e até encontrar amor. Que as vezes a aparência física não condiz em nada com a personalidade e força é representada através de ações, sim, mas também de comportamento. Neena não teve família, que na verdade foi destruída, e a jornada do livro é sua descoberta como mulher e pessoa num mundo devastado. E o que pode fazer para melhorá-lo.
Quando um homem passa fome por muito tempo, parece mais velho.
página 48
Mundo perdido de Valerie Nieman Colander foi uma boa surpresa, daquelas que eu esperava mesmo gostar e por isso não teve enrolação: li rápido e sentei para escrever também sem demora porque é uma leitura que merecia o comentário e também merece ser lida. Se encontrar por aí, pensa com carinho, tá? Depois me conta se gostou!
Beijo!
Fotos: Nine Stecanella
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