18 de junho de 2023

A comédia humana de William Saroyan


A comédia humana
Autor: William Saroyan
Tradutor: Alex Viany
Editora: Abril Cultural
Edição: 1980
Páginas: 268
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Uma sequência de quadros simples, cotidianos, que emolduram as experiências humanas e de trabalho do adolescente Homero Macauley, estafeta de uma agência postal e telegráfica. Um retrato pungente, poético, de uma pequena cidade da Califórnia e o drama de um jovem sensível que se vê de repente chefe de uma família dizimada pela guerra. Algumas das páginas mais tocantes da moderna ficção americana.

 

Uma das experiências mais interessantes sobre colecionar coleções e livros de sebo é a possibilidade de encontrar títulos que passariam despercebidos na prateleira da livraria ou na página de um site. A comédia humana de William Saroyan foi outra boa surpresa do meu acervo da Abril Cultural, coleção Grandes Sucessos. Hoje a meta é compartilhar no Estante da Nine alguns motivos para ler essa história singela e tocante.

O cenário do livro é a cidade de Ítaca na Califórnia durante o período da Segunda Guerra Mundial. O enredo acompanha Homero Macauley, um jovem de 14 anos que começa a trabalhar na agência postal e telegráfica da cidade como mensageiro para ajudar a mãe, a irmã mais velha e o pequeno irmão Ulisses. O patriarca da família morreu há dois anos e o irmão mais velho, Marcus, está no exército. É deste ponto de partida que a história começa.

William Saroyan me ganhou logo nas primeiras páginas porque o livro consegue abordar temas importantes como morte, saudade, cotidiano, família e vida de forma singela, sutil e ainda assim bastante reflexiva. Logo no primeiro dia de trabalho Homero se depara com o fim da sua vida infantil para se tornar um adulto e o leitor entende porque acontecimentos pontuais são capazes de fazer uma transformação tão grande na vida do personagem.

Ulisses, o irmão caçula de Homero, é presença constante no enredo e a relação dos dois fortifica a ideia de família passada pelo autor, como também trás uma perspectiva diferente para o livro, a mágica da visão infantil, de medos incompreensíveis e de aventuras que estão por vir. William Saroyan mantém a presença de Ítaca ao longo de todo livro, seja através dos vizinhos de Homero, dos colegas de trabalho ou dos pequenos momentos de Marcus contando sobre sua vida na pequena cidade para os companheiros de regimento. 

A fé é elemento importante para a família Macauley, que encara as adversidades como provas da vida e também a fortificação da família. Homero assume aos 14 anos a figura de patriarca entre os seus, que tanto pode soar ultrapassado e machista para a visão de hoje, mas que principalmente visa poupar a mãe e a irmã de empregos degradantes e o fim do último resquício da vida feliz que tiveram antes da morte do pai e da guerra.

Sabe aquela sensação de ler o livro na hora certa? É o que sinto sobre A comédia humana. Provavelmente anos atrás eu não teria gostando tanto de um enredo focado no simples e na fé de que as coisas vão melhorar. Desde as primeiras páginas a mensagem positiva ganha força e como ela acontece é o que realmente me tocou. Ao mostrar para o leitor o orgulho de um jovem pelo seu primeiro emprego, de uma mãe de família ou de um garoto disposto a tudo por um damasco fora de época, William Saroyan instiga a pensar sobre o ponto de vista de escolhemos seguir. Sempre existe uma escolha (ou sempre é questão de escolha).

O sofrimento no livro é tão presente quanto a esperança e a fé. E é justamente nesses contrastes que Homero, por exemplo, consegue apreciar as coisas boas do dia mesmo que por muitas horas tenha transitado por Ítaca com notícias ruins. Ulisses está ali para mostrar que apesar do caos do mundo existe amor e inocência. E assim tantos outros exemplos surgem ao longo livro. 

Há algumas semanas minha intenção era retornar com as postagens do Estante da Nine e que melhor oportunidade de recomendar um livro favorito que essa?! A comédia humana é uma leitura sem pretensão que atinge um leque imenso de temas da vida cotidiana e como cada pessoa pode (ou não) lidar com determinadas situações. Uma mensagem positiva sem exagero, a vida simples pelo prazer e não conformismo e o orgulho de ser quem se é, independente de quanto e onde! Livro favorito de 2023 e espero que outras surpresas surjam pelo caminho.

Beijo!

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