4 de novembro de 2023

Bubble gum de Lolita Pille


Bubble gum
Autora: Lolita Pille
Tradutor: Julio Bandeira
Editora: Intrínseca
Edição: 2004
Páginas: 272
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Manon, uma jovem provinciana, bonita e entediada, que sai do sul da França para tentar a vida como modelo em Paris, começando como garçonete; e Derek Delano - herdeiro de uma multinacional do petróleo, aristocrata 'blasé' cujo maior prazer é comprar e manipular as pessoas em jogos cruéis. Atraído por Manon, Derek é seduzido pela idéia de corrompê-la, de estragar seu destino. Afinal de contas, numa vida esvaziada de sentido, a destruição de um ser inocente é um projeto de vida que faz tanto sentido como qualquer outro. Graças a ele, Manon realiza o sonho de brilhar como modelo e atriz, mas ao preço da dependência de antidepressivos, cocaína e outros vícios. Mas logo se dá conta da armadilha em que caiu e planeja uma vingança.

Bubble gum ficou anos na minha estante e pouco mais de um mês depois de finalizar a leitura ainda tenho aquele misto de amor e ódio com a história de Lolita Pille. Por um lado adorei o estilo narrativo da autora e por essa razão insisti em deixar registrado no Estante da Nine essa experiência de leitura. Por outro, a partir de determinado momento o enredo se torna tão surreal que ao terminar o livro a sensação geral foi que a autora jogou vários temas entre diálogos diferentes, mas não desenvolveu nenhum deles. É um livro vazio

A história de 2004 aborda uma premissa ainda presente em muitos nichos de romance e drama (jovem e adulto): o encontro entre uma pessoa disposta a tudo para mudar de vida, Manon, e alguém com todos os recursos disponíveis para manipular e brincar com as pessoas, Derek. Em uma festa duvidosa eles se encontram e a partir daí o leitor acompanha um romance nada saudável, cheio de manipulação e gatilhos para abuso, prostituição e drogas.

Devorei as primeiras páginas do livro porque a narrativa de Lolita Pille realmente funcionou comigo, é um misto de fluxo de consciência, diálogos caricatos e cheios de gírias, e a ironia e troca de farpas entre os dois personagens. O drama de ambos, principalmente pela morte da mãe, poderia ser o tema do enredo, mas página após páginas os personagens entram em um ciclo de destruição sem que nenhum tema seja de fato desenvolvido, além de festas, produções extravagantes e viagens luxuosas.

O livro me perdeu pouco depois da metade, quando Manon e Derek estão afundados em um relacionamento destrutivo, sem nenhum desenvolvimento real de ambos, e Lolita Pille apresenta a primeira reviravolta do enredo. Foi tão sem sentido, mesmo para o contexto de bilionários e tudo mais, que as páginas finais passaram pelos meus olhos para comprovar que diferente da impressão inicial (eu achei que Bubble gum seria um favorito), eu não gostei mesmo da história. 

O enredo tem ainda uma segunda reviravolta nas páginas finais, tão sem sentido quando a primeira, mas nada surpreendente já que o rumo da história foi totalmente fora dos eixos (no sentido negativo). Meu incômodo principal com a leitura é que Bubble gum poderia ser um drama jovem adulto, mas não é. Tem um certo toque de suspense, mas também não desenvolve o tema. Lolita Pille coloca os personagens em situações delicadas sem dar a eles ou o leitor um porquê real daquilo. No final foi um livro que girou por muitos temas, sem realmente se encaixar em nenhum.

Bubble gum seria uma leitura polêmica de recomendar pelo tema que propõe a tratar e pelos muitos gatilhos que apresenta, e como não gostei do desenvolvimento do enredo esse registro é principalmente para me lembrar de ler outras histórias de Lolita Pille, já que gostei da narrativa, mas sem expectativa de esperar uma história surpreendente. 2004 foi há 20 anos e me pergunto como seria se esse livro fosse lançado hoje. Já leu Bubble gum?

Até a próxima!

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