23 de julho de 2019

Manon Lescaut de Abade Prévost




Manon Lescaut
Autor: Abade Prévost
Editora: Abril Cultural
Edição: 1981
Páginas: 174
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O dramático romance entre Des Grieux - fervoroso jovem de boa família - e a bela Manon Lescaut, moça frívola e inescrupulosa que ama qualquer um que lhe garanta uma vida de luxo. Um amor ardente, que é também exaltação erótica mesclado de interesse e à atração pelo dinheiro. Incompreendido em sua época, o livro foi queimado pelas autoridades, que nele viram um atentado aos bons costumes. Hoje, permanece um clássico. Obra fundamental para ser lida.

Eu jurava que Manon Lescaut estava indicado no 1001 livros para ler antes de morrer, mas me enganei e vou registrar a experiência de leitura no Estante da Nine antes que tempo passe e o comentário fique no limbo das ideias (não vai ter vídeo para o canal). Além disso, o meu notebook morreu e por enquanto o único computador disponível é do meu irmão, então estou aproveitando o intervalo para registrar tudo, é o jeito.

O livro conta a história dos jovens Chevalier des Grieux e Manon Lescaut, que se apaixonam a primeira vista e resolvem encarar as consequências de uma relação proibida, tudo pelo amor da juventude. As primeiras semanas do casal passam com aparente tranquilidade, mas assim que a família des Grieux descobre o paradeiro de Chevalier as coisas mudam para os adolescentes.



Logo na primeira separação de Chevalier e Manon o leitor entende o ritmo da história e os obstáculos propostos por Abade Prévost. A jovem sem família e com um irmão aproveitador logo entra no jogo da conquista e busca amantes dispostos a bancar seu estilo de vida. Chevalier, por outro lado, entra para os estudos religiosos – a ambição de sua família, e tudo parece seguir um novo rumo quando, tempos depois, os dois jovens, já mais velhos, se encontram em Paris.

A segunda fase da história, que começa também de forma impulsiva, conduz o leitor por um caminho em que o relacionamento pode dar certo, mas Abade Prévost não tem pena dos personagens. O problema não é mais apenas o dinheiro para o sustento, que é sim um obstáculo, mas as confusões que o casal se envolve com pessoas influentes e poderosas de Paris.

A partir daí o enredo tem dois fios condutores principais: o romance destrutivo do casal e os problemas causados por ambos por dinheiro e vingança. Manon nunca escondeu seu interesse por uma vida luxuosa e efervescente, enquanto Chevalier, mesmo conhecendo a personalidade da amada, se dispõe a ultrapassar os limites pela relação dos dois.

Gostei de como Abade Prévost aponta a hipocrisia da sociedade francesa do século XVIII, traço descrito em outros clássicos do país, por parte de todas as classes sociais, mas potencializada pelos ricos e poderosos que passam ilesos a qualquer punição ou julgamento. Os jovens são o elemento central e por isso causadores de toda confusão, outro debate sobre a impulsividade da adolescência em contraste com a experiência dos adultos.




Por mais que tenha sido uma leitura interessante, também por ressaltar a discordância de pais e filhos e o conflito de gerações, Manon Lescaut não foi um enredo marcante, principalmente porque durante todo o livro fiquei com algumas impressões negativas sobre a mensagem geral de Abade Prévost.

Desde o início fica claro que o autor culpabiliza Manon por toda a desgraça de Chevalier, e na verdade desde o início ele conhece a personalidade da amada, seu interesse por uma vida confortável e atividades culturais. Bastava escolher outro caminho. A obsessão do protagonista também se deve ao poder de “ter” uma mulher linda e desejável como Manon.

O final da história, e a mensagem geral, certamente redime Chevalier e coloca em Manon como centro da confusão. Até a viagem para a América, em muitos sentidos, já indica o destino dos personagens. No geral é um livro válido pela época, 1731, que inclusive foi banido por exaltar a promiscuidade (de acordo com a visão da época), mas que mantém uma visão machista da relação (na minha opinião, claro). No mais, mais um livro da coleção Grandes Sucessos lido!

Beijos!

Fotos: Nine Stecanella
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