Tchick
Autora: Wolfgang Herrndorf
Editora: Tordesilhas
Edição: 2011
Páginas: 228
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As férias do nerd Maik Klingenberg naquele verão prometiam ser péssimas: a mãe, mais uma vez, fora internada numa clínica de desintoxicação, e o pai teve que fazer uma “viagem de negócios” com a secretária de dezenove anos. De quebra, a menina por quem Maik estava superafim, Tatjana, “esquecera” de convidá-lo para sua festa de aniversário – a balada mais aguardada do ano. O que prometia ser um tédio total muda completamente quando Tchick, o colega mais esquisito da turma, aquele de quem todos queriam distância, aparece com um velho Lada Niva roubado e acaba por convencer Maik a viajar com ele até a Valáquia, para visitar os avós e... umas primas gostosas. Valáquia?! Descobrir onde fica esse lugar seria bem mais fácil do que chegar até lá, pois não é moleza atravessar um país sem mapa para se orientar, sem carteira de motorista, com quase nenhum dinheiro e dirigindo um carro roubado. Tudo isso aos catorzes anos de idade, e tendo a polícia nos calcanhares.
Tchick de Wolgang Herrndorf foi um livro que comprei sem saber quase nada, depois de ler três linhas da sinopse e pensar: "cara, eu vou adorar essa história". Quase um ano depois de Tchick chegar na minha estante eu finalmente li e sim, adorei!!! Falei sobre os meus pontos favoritos no vídeo de hoje, mas resolvi fazer uma pequena versão da resenha em texto para contemplar quem gosta desse formato.
Na história acompanhamos Maik e Tchick, dois garotos que se conhecem na escola e apesar da improbabilidade, tornam-se amigos. Maik é alemão e sua família, apesar de falida, tem uma boa condição financeira. Tchick é russo e se mudou para a Alemanha com o irmão mais velho. No livro não temos o pano de fundo da vida do personagem, mas o autor deixa nas entrelinhas que algo grave aconteceu.
A narrativa de Wolgang Herrdorf me chamou atenção logo no primeiro capítulo. Além de apresentar os personagens no meio de um acontecimento, de uma cena pra lá de tensa, o autor desenvolve a história em primeira pessoa pela perspectiva de Maik e, sinceramente, foi fácil me identificar com o personagem. Com Maik e também com Tchick.
Os temas secundários do livro dão a carga dramática ao enredo. Questões como alcoolismo, negligência e exclusão são tratados ao longo das páginas de Tchick e apesar da estranheza inicial, é fácil compreender porque os dois garotos se aproximam e vão em busca de uma aventura. Todo adolescente já se sentiu pelo menos uma vez na vida como Maik e Tchick no decorrer dessa história.
Mas vamos voltar a aventura. O livro tem uma viagem como diferencial. Pode parecer loucura dois jovens de 14 anos roubarem um carro e partirem (quase) sem rumo pela Alemanha, mas é impossível não torcer por eles ao longo dos capítulos e dos muitos perrengues que acontecem nessa jornada. Maik e Tchick saem de férias não com o objetivo de contrariar as regras, mas para viverem uma experiência única.
Por fim, o diferencial do livro sem dúvida é a amizade. E é disso que a história de Tchick trata: como a chegada de alguém em nossas vidas pode transformar completamente nosso universo, o modo como vemos e entendemos o mundo e até a perspectiva sobre nós mesmos. Maik era solitário, tão ignorado que não era parte nem do grupo de excluídos da escola. Quando Tchick se aproxima dele, muitas coisas começam a ser questionadas e novas atitudes nascem.
Tchick entrou para a lista dos favoritos de 2016 e também para os favoritos na categoria livro jovem. Já comentei no Estante da Nine que adolescentes utópicos me incomodam e me desagradam e a chance de um livro “fora do circuito” me encantar é sempre muito grande. Espero conhecer em breve outra história de Wolfgang Herrdorf e, enquanto isso, fica a minha super recomendação de leitura de Tchick.
Se preferir, assista ao vídeo!
Beijos!
Fotos: Nine Stecanella
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