4 de setembro de 2017

O caçador de pipas de Khaled Hosseini




O caçador de pipas
Autor: Khaled Hosseini
Editora: Nova Fronteira
Edição: 2005
Páginas: 365
Skoob | Goodreads
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Este romance conta a história da amizade de Amir e Hassan, dois meninos quase da mesma idade, que vivem vidas muito diferentes no Afeganistão da década de 1970. Amir é rico e bem-nascido, um pouco covarde, e sempre em busca da aprovação de seu próprio pai. Hassan, que não sabe ler nem escrever, é conhecido por coragem e bondade. Os dois, no entanto, são loucos por histórias antigas de grandes guerreiros, filmes de caubói americanos e pipas. E é justamente durante um campeonato de pipas, no inverno de 1975, que Hassan dá a Amir a chance de ser um grande homem, mas ele não enxerga sua redenção. Após desperdiçar a última chance, Amir vai para os Estados Unidos, fugindo da invasão soviética ao Afeganistão, mas vinte anos depois Hassan e a pipa azul o fazem voltar à sua terra natal para acertar contas com o passado.

Quando escolhi O caçador de pipas de Khaled Hosseini na estante não tinha ideia de que iria adorar a história. Eu normalmente crio expectativas erradas sobre livros muitos comentados, e o medo de conhecer essa história era grande. Felizmente as minhas teorias foram superadas e ainda bem que dei uma chance para esse enredo envolvente e um dos mais tristes que já li.

Como a sinopse acima retirada do Skoob revela logo no começo O caçador de pipas é um livro sobre amizade. E desde o início o autor faz questão de incorporar aspectos positivos e negativos sobre essa relação. Existe desde o princípio uma diferença considerável entre Amir e Hassan, mas depois de um grave acontecimento essa amizade parece fadada ao fim. Crueldade é frequente no livro.




Existe toda uma atmosfera de suspense na história e desconfiei desde os primeiros capítulos que envolvia questões familiares. E é mesmo assim. Em nenhum momento eu acertei o palpite, o segredo, mas essa sensação de que nem tudo foi contado foi um dos principais motivos para continuar a leitura.

Achei contraditório Khaled Hosseini apresentar a história pelo ponto de vista do protagonista menos honroso, que me deu verdadeira aversão em vários momentos do livro, mas me questiono se quando criança ele não deveria ter sabido da verdade. Que outra decisão Amir poderia ter tomando? Uma atitude mudou a vida de muitos personagens e é presente a sensação de desespero do personagem. Como se nunca pudesse compensar o mau que fez e o que omitiu.

O Afeganistão como cenário foi outro atrativo da leitura. Conheço pouco sobre o país e foi interessante acompanhar mesmo que um pequeno fragmento dessa cultura antes de ser consumida pela guerra. Boa parte do livro se passa nos Estados Unidos, fato que me deixou contrariada, mesmo assim vale conhecer esse contraste de sociedades.

Sentei junto a uma das paredes de barro da casa. A afinidade que senti subitamente com relação àquela velha terra... me surpreendeu. Tinha ido bem longe para esquecer e ser esquecido. Tinha uma casa em um país que bem poderia ficar em uma outra galáxia para as pessoas que estavam dormindo atrás dessa parede onde minhas costas estavam apoiadas. Pensei que tivesse esquecido tudo sobre esta terra. Mas não tinha. E, sob a pálida claridade da lua crescente, senti o Afeganistão surrando debaixo dos meus pés. Talvez o Afeganistão também não tivesse me esquecido.
página 240

Abuso, preconceito e racismo são alguns dos temas principais do livro que é contato em linhas do tempo diferentes e mostra que esses três elementos estão presentes em todas elas, de uma forma ou outra, em partes distintas do mundo, em sociedades tão diferentes, e mesmo assim alguns padrões podem ser percebidos. Ponto positivo do livro expor esse aspecto, sem dúvida.

Já na parte final da história espiritualidade e religião também se fazem mais presentes no enredo. Eu gostei, sempre gosto de ler sobre isso, mesmo me considerando agnóstica na vida. Religião é um tema que me fascina e quando faz parte de um enredo cheio de preconceito é impressionante como ela serve de reconforto e segregação, no mesmo nível.




Não gostei de o livro se passar predominantemente nos Estados Unidos. Talvez essa tenha sido minha única expectativa não suprida. A falta de mais sobre a vida de Hassan também me incomodou. Nesse caso acho que Khaled Hosseini fez de propósito. Em muitos momentos eu trocaria fácil a narrativa de Amir pela do seu companheiro de infância. A vida tem dessas separações abruptas.

O caçador de pipas estava há anos na estante e foi uma leitura recompensadora. Sem dúvida recomendo para os leitores que adoram drama, porque esse sim é o tema predominante da história, e também para quem gosta de tramas com troca de países, sociedade e enredos cheios de reviravoltas tristes. Aliás, essa é outra palavra que descreve bem essa experiência de leitura: tristeza. Vocês já leram O caçador de pipas

Vídeo de opinião publicado no canal do Estante da Nine

Beijos!
Fotos: Nine Stecanella
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