22 de janeiro de 2014

A maldição da pedra de Cornelia Funke





A maldição da pedra
#1 Reckless
Autora: Cornelia Funke
Editora: Companhia das Letras
Edição: 2011
Páginas: 248
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John Reckless, pai de Jacob e Will, sumiu sem deixar vestígios. Inconformado, Jacob gasta o dia procurando pistas que lhe deem alguma ideia do seu paradeiro. O garoto vasculha cada cantos do escritório do pai, até que um dia descobre um espelho que servia como um portal para um mundo mágico - um mundo que lhe oferece a perspectiva de liberdade e aventura. Mantendo segredo do seu achado, Jacob passa cada vez mais tempo do outro lado do espelho. Após doze anos, o mundo sombrio se torna seu verdadeiro lar, onde tem amigos e inimigos e é reconhecido como um dos melhores caçadores de tesouros que já existiram por ali. Will, o caçula, sente falta do irmão e estranha aqueles sumiços prolongados. Um dia, consegue burlar sua constante vigilância e o segue através do espelho, ato que tem uma consequência terrível. Ferido pelos goyls - homens frios e violentos, que têm pele de pedra e olhos de ouro -, ele acaba vítima de uma maldição: vai se transformando lenta e dolorosamente em uma dessas sinistras criaturas.

Sempre que chega a hora de conhecer o trabalho de um autor muito comentado fico dividida entre a expectativa e a ansiedade. Foi assim que comecei meu primeiro livro de Cornelia Funke, conhecida especialmente pela trilogia Mundo de Tinta que já teve adaptação para o cinema. 

Minha escolha foi por A maldição da pedra, livro de fantasia voltado ao público infanto-juvenil. Quando li sinopse e algumas resenhas que comentavam sobre a junção de vários elementos de outras histórias fantásticas e contos de fadas, logo imaginei que o livro poderia ter uma pitada de “já vi tudo isso antes, não tem nada de novo”. Porém, Cornelia Funke me surpreendeu ao reinventar símbolos tão conhecidos dentro de seu universo de forma que ficassem coerentes e ainda interessantes e atraentes ao leitor.

Na história acompanhamos Jacob, que após um mistério familiar descobre no escritório do pai, através de um espelho, a passagem para outra dimensão. Fascinado com que encontra por lá, o jovem passa cada vez mais tempo do outro lado e suas relações, que já eram frágeis, tornam-se quase inexistentes.

Vários anos depois, Will, o irmão de Jacob, acaba descobrindo a “passagem secreta” dentro de sua própria casa e também atravessa o espelho. Porém, o caçula não tem tempo de admirar tudo de novo que existe por lá, já que é “atingido” por uma maldição. A partir daí, o livro toma forma e o enredo principal começa de fato.





O grande mérito de A maldição da pedra é que Cornelia Funke soube equilibrar a história pela perspectiva fantástica, no mundo através do espelho, e os conflitos inerentes a raça humana, principalmente entre Jacob e Will. Ao mesmo tempo que acompanhamos uma jornada que busca respostas ao sumiço do pai dos garotos e uma forma de quebrar a maldição do irmão mais novo, nos deparamos com decisões nem sempre acertadas da parte dos personagens, o que, inevitavelmente, nos leva a pensar como agimos, sozinhos ou em conjunto, na nossa vida.

Outro aspecto que gostei foi que, apesar de ser um livro voltado ao público jovem, o conflito entre o bem e o mau é presente e constante. Não apenas por se tratar de uma história fantástica, mas por se tratar, especialmente, sobre a relação entre os irmãos Jacob e Will e tudo que vem acontecendo com eles (e entre eles) desde que a família desmoronou.

Sobre o aspecto fantástico da história, como comentei no começo deste post (e também no vídeo de leituras do mês), Cornelia Funke soube reinventar os elementos já tão conhecidos de outras histórias dentro do universo que criou. O leitor irá identificar, ao longo da narrativa, quais são estes pontos. Porém, perceberá a diferença e o posicionamento de cada um ao longo do desenvolvimento da história.

A maldição da pedra foi uma surpresa muito mais agradável do que eu esperava.O trabalho da Companhia das Letras está impecável. A capa é chamativa, em tons de verde e metalizada. A imagem tem tudo a ver com a história. Internamente, as páginas são amareladas e cada começo de capítulo tem uma imagem relacionada ao tema ou a jornada que virá a seguir.

Indico o livro não apenas aos leitores jovens, como também aos adultos que gostem de fantasia. A narrativa de Cornelia Funke é envolvente e não perde para livros adultos em nenhum aspecto. Todos os elementos importantes e os questionamentos sobre a vida estão ali. Não preciso nem dizer que estou curiosíssima por Sombras vivas, o volume dois da série Reckless.

Beijos!
Foto: Nine Stecanella
*Livro recebido da editora Companhia das Letras
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