QuarentenaAutora:
Vera MolinaEditora:
ProaEdição:
2011 (2ª edição)
Páginas:
96|
SKOOB |
"Quarentena é uma viagem ao longo dos anos acompanhando mulheres através de revoluções e guerras, desencontros, triunfos, doenças e uma enorme, pesada, silenciosa solidão ocupando cada página. E tudo narrado numa clara voz de mulher, sem dor, pena ou nostalgia. Uma voz rigorosa, contando vidas que agora nos acompanharão para sempre, pois, como a lua cheia sobre o pampa, não esquecemos jamais." por Tabajara Ruas.
Difícil falar de um livro encantador de apenas 91 páginas. A sensação é de que tudo que eu escrever sobre ele pode ser um ponto importante da trama e portanto, um grande spoiler. Então, serei totalmente breve e objetiva.
O livro se passa na época em que o Rio Grande do Sul vivia seu conflito "interno" e tem como ponto principal a vida das mulheres e como, desde cedo, elas eram preparadas para o casamento e o cuidado do lar e da família. Por ser um livro curto, Vera Molina soube dosar muito bem a quantidade de informações sobre cada personagem, de modo que não ficasse nem superficial, nem cansativo demais. Outro ponto importante do livro é a constituição da família, sempre numerosa e com a figura do pai não apenas como provedor, mas também chefe e figura de maior relevância na casa.
Quarentena traz ainda o misticismo de uma época em que todos os assuntos eram tabus e aquilo que não se soubesse, também não deveria ser perguntado. Escrevo tudo isso para chegar na personagem principal, Laura, que desde jovem vive em meio as regras e de como todas elas afetaram seu comportamento. E foi isso o que me conquistou.
Laura desafia as regras, não de maneira rebelde, mas puramente ingênua. A curiosidade é o que motiva as suas decisões precipitadas que ela acredita, nunca serão descobertas. Casa com o rapaz, garoto, que sempre sonhou e vê sua mente se despedaçar aos poucos quando nasce seu primeiro filho. E isso é tudo o que posso dizer sobre a história.
O livro tem um ritmo impressionante e deve ser lido em poucas horas, quem sabe, no máximo, uma tarde. Trata não só de uma época em que não é comum a nós (tem algum leitor com mais de 100 anos aqui?) mas também de como nossa própria cabeça pode nos condenar por atos do passado. E não importa a quantos quilômetros de distância aconteceram, continuam guardados nos porões da mente.
Beijos!