29 de abril de 2018

A insustentável leveza do ser de Milan Kundera



A insustentável leveza do ser
Autor: Milan Kundera
Editora: Rio Gráfica
Edição:1986
Páginas: 318
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Uma tese filosófica sobre a existência? Um triste romance? Um grito de alguém contra o seu espaço e tempo? Ainda não consegui descobrir, mas já tentei duas vezes. É uma história bela e triste, emoldurada pela bela e triste cidade de Praga em pleno domínio soviético. A história dos conturbados relacionamentos humanos. A história do dasein, do ser-o-nada e do ser-para-o-nada. E começa citando Nietzsche. O autor vale-se do recurso da polifonia, porém de modo diverso e relativamente discreto. Cada parte do livro conta a história a partir de um ponto de vista diferentes, da perspectiva de cada personagem diferente, embora se trate de um narrador em 3a pessoa. O que posso dizer é que esse livro aumentou minha vontade de conhecer Praga.

Depois de muito adiar chegou a hora de conversar sobre o livro A insustentável leveza de ser de Milan Kundera. Essa é uma leitura que cumpre diversos objetivos da minha estante, como ler o que comprei no sebo, autores inéditos na minha lista e Projeto 1001 livros. O vídeo saiu há alguns dias ano canal e vou usar os mesmo tópicos das anotações para comentar a experiência de leitura aqui no blog (ah, o vídeo também está anexado ao final da publicação).

A insustentável leveza do ser apresenta uma história de transformação tanto para alguns casais, que o leitor acompanha no decorrer do enredo - quanto para um país que precisa aprender a viver uma nova realidade com imposições, vetos, punições e exílios. As reflexões sobre a vida e as consequências por cada decisão são o que permeiam os principais momentos do livro, e que tem o drama como aspecto dominante.




Quanto mais pesado o fardo, mais próxima da terra está nossa vida, e mais ela é real e verdadeira.
Por outro lado, a ausência total de fardo faz com que o ser humano se torne mais leve que o ar, com que ele voe, se distancie da terra, do ser terrestre, faz com que ele se torne semi-real, que seus movimentos sejam tão livres quanto insignificantes.
página 11


Diferente do que imaginei, a narrativa de Milan Kundera é bela, objetiva e fluída, tudo ao mesmo tempo. Adiei essa leitura por medo de empacar no texto, mas os momentos de lentidão não foram pelo estilo narrativo, mas sim pela minha antipatia por certas decisões dos personagens. Se vocês, assim como eu, tem esse livro na estante e essa incerteza, vale dar uma chance. (leia as citações para alguns exemplos de estilo do autor)

O exílio é um dos meus temas favoritos do livro, principalmente porque minha empatia pelos personagens principais aconteceu nos momentos difíceis do dia a dia num país diferente. Por mais que o sentimento de gratidão esteja presente, Milan Kundera escreve personagens humanos, imperfeitos, que sofrem pela falta de adaptação. Pela saudade. Foi um dos pontos altos da minha experiência com o livro.

Por outro lado, os relacionamentos conturbados escolhidos pela autor não me causaram empatia. Pensando agora, é até um pouco contraditório, porque eu gostei do livro e o título também faz todo sentido principalmente pelo estilo de envolvimento que Milan Kundera retrata, que traz muita privação, sofrimento e submissão para a personalidade de todos os personagens principais.


Muitas vezes nos refugiamos no futuro para escapar do sofrimento. Imaginamos uma linha na pista do tempo, e pensamos que a partir dessa linha o sofrimento presente deixará de existir.
página 167




A decadência na profissão e na sociedade também é um tema importante do enredo já que o personagem principal, parte do casal que ganha mais espaço na história, era cirurgião e depois da tomada do país passa a trabalhar como lavador de vidro, por exemplo. Apesar de não superar de todo o passado, a mensagem geral de A insustentável leveza do ser também pode ser de que o homem (a humanidade), apesar de tudo, se adapta as situações adversas.

O ponto alto da minha leitura foi a transformação cultural da Checoslováquia e como isso afeta a todos que moram no país. Apesar de viver uma realidade totalmente distante, o autor me despertou muita empatia ao demonstrar como tudo e cada coisa do dia a dia de uma pessoa está ligado a sua personalidade, aos medos, sofrimentos, incertezas, realizações e alegrias. O livro não foi favorito, a barreira com os relacionamentos contou muito ao final, mas sem dúvida é uma história que vale a leitura.

Desde a Revolução Francesa, metade da Europa se intitulou de esquerda e a outra metade recebeu a classificação de direita. É praticamente impossível definir uma ou outra destas noções através dos princípios teóricos em que elas se apoiam. Não há nisso nada de surpreendente: os movimentos políticos não se baseiam em atitudes racionais, mas em representações, em imagens, em palavras, em arquétipos, cujo conjunto constitui esse ou aquele kitsch político.
página 259


Ufa! Mais uma pauta riscada da lista e mais um livro comentado e recomendado no Estante da Nine. A insustentável leveza do ser de Milan Kundera cumpriu a expectativa e deixou uma leitura satisfeita e bem melancólica, não dá pra omitir. Vocês já leram o livro ou querem ler? Como foi a experiência de leitura? Recomendam ou não? Até a próxima resenha!

Vídeo de opinião publicado no canal do Estante da Nine
 

Beijos!

Fotos: Nine Stecanella
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